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Região de Coimbra

2025/02/21

Centenário de Carlos Paredes assinalado com diversas iniciativas culturais

Concelho

O centenário do nascimento do guitarrista Carlos Paredes está a ser assinalado pela Câmara Municipal (CM) de Coimbra com diversas iniciativas culturais, que já começaram e que se vão prolongar ao longo dos próximos meses. Espetáculos musicais e de dança, exposições, apresentações, edições e reedições de livros e um autocarro comemorativo são algumas das ações da autarquia para assinalar a vida e a obra do mestre da guitarra, que nasceu em Coimbra, a 16 de fevereiro de 1925.
A CM de Coimbra está a assinalar o centenário do nascimento de Carlos Paredes. O programa reparte-se na vertente performativa, através de espetáculos, na vertente de investigação, através de apresentações, edições e reedições de livros, e na vertente educativa, com exposições e outras iniciativas de divulgação.
 
A mostra “Carlos Paredes: Uma Guitarra Intemporal”, inaugurada a 12 de fevereiro, na sala do serviço de empréstimo da Biblioteca Municipal, é uma das iniciativas que integra a programação e pode ser visitada gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 19h30, e aos sábados das 13h30 às 19h30, até ao dia 14 de março.
 
Na vertente da investigação, a autarquia vai apoiar o lançamento do livro “Pioneirismo, genialidade e modernidade em Arthur Paredes (1899-1980)”, da autoria de António Manuel Antunes e edição da Tradisom. A reedição da obra “Amigo Paredes”, de Paulo Sérgio dos Santos, é outro dos pontos de destaque da programação do centenário do artista. Esta segunda edição reafirma o compromisso da CM de Coimbra de honrar a memória de um dos maiores símbolos da cultura portuguesa, perpetuando a riqueza do fado e da canção de Coimbra enquanto património imaterial da cidade. Ambos os livros serão lançados em outubro, no decorrer do festival “Correntes de um só Rio”.
 
Uma iniciativa inovadora que vai surgir em Coimbra é a campanha “Encontre harmonia no caminho: ouça Carlos Paredes”. A ação prevê a instalação de QR codes em paragens de autocarro e locais emblemáticos da cidade, permitindo que qualquer pessoa aceda à obra do mestre da guitarra portuguesa com apenas um toque no telemóvel. Enquanto esperam pelo transporte ou percorrem as ruas de Coimbra, os cidadãos e visitantes poderão mergulhar nos sons inconfundíveis de Carlos Paredes, explorando o seu legado e redescobrindo a alma da cidade através da sua guitarra.
 
Iniciativa semelhante é “Na rota de Carlos Paredes”. Partindo do CD “Canção para Titi”, o seu último álbum, serão colocados QR codes em cada um dos locais mencionados na música. O público vai poder aceder e ouvir a respetiva variação nos seguintes locais: “Uma Canção para minha mãe” (junto à casa onde viveu); “Arcos do Jardim”; “Arco de Almedina”; “Escadas do Quebra-Costas”.
 
No dia 25 de abril, o DJ e produtor Stereossauro, múltiplas vezes campeão mundial de scratch, oferece à cidade de Coimbra um concerto especial resultante de uma encomenda no âmbito das comemorações desta efeméride do centenário de Carlos Paredes. É amplamente reconhecida não só a paixão de Stereossauro pelo fado, facto que o levou a colaborar com artistas tão destacados desse universo, como Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura ou António Chainho, mas também e particularmente pela arte de Carlos Paredes: a versão que assinou com DJ Ride para o tema “Verdes Anos” teve alcance internacional e mereceu, no nosso país, aplausos veementes de distintas figuras como o maestro António Victorino D’Almeida. Quando desafiado a criar uma homenagem ao génio de Carlos Paredes, Stereossauro concebeu um espetáculo especial para o qual convocou artistas como Ricardo Gordo, Ana Magalhães, DJ Ride, Pedro Jóia, Beatriz Rosário e Ricardo Silva, estes dois últimos artistas intimamente ligados à cidade de Coimbra. O concerto contará, ainda, com uma participação especial de Rui Pato, guitarrista que acompanhou José Afonso nalgumas das suas mais celebradas obras.
 
Já no dia 29 de abril, no âmbito da terceira edição do projeto RAMPA.2. inserido na programação do Festival Abril Dança Coimbra, os jovens intérpretes estão a ensaiar uma obra coreográfica que assinalará o centenário de Carlos Paredes, homenageando a sua influência na cultura portuguesa. Este ano, a direção artística está a cargo da coreógrafa Margarida Belo Costa, que após uma audição, selecionou 17 jovens para integrar o projeto.
Os ensaios decorrem aos fins de semana, culminando no grande momento a 29 de abril, Dia Mundial da Dança, com a apresentação final no grande auditório do Convento São Francisco. O espetáculo promete ser uma fusão entre a dança contemporânea e o universo musical de Carlos Paredes, trazendo para o palco o virtuosismo e a sensibilidade que marcaram a sua obra.
 
No dia 23 de julho, no palco do anfiteatro Colina de Camões, um momento intitulado “Amigo Paredes – Cem Anos” vai estar integrado no festival das Artes QuebraJazz 2025. Um espetáculo que celebra os 100 anos do nascimento de Carlos Paredes, com quatro dos mais virtuosos músicos da guitarra portuguesa, acompanhados por um quarteto composto por Bernardo Moreira, João Moreira, Ricardo Dias e Ni Ferreirinha, e com Maria João, uma das mais importantes personalidades da música portuguesa, a dar voz e letra a três músicas de Paredes.
 
A efeméride vai também marcar, este ano, o festival “Correntes de um só rio”, que se realiza de 1 a 5 de outubro. O festival vai ter Carlos Paredes como foco principal e vai reunir músicos contemporâneos que vão reinterpretar as suas obras e criar composições inspiradas no seu legado. O programa será oportunamente anunciado.
 
A celebração do centenário integra vários outros eventos que se vão estender ao longo de todo o ano, no âmbito da programação cultural da CM de Coimbra, desde logo, no âmbito da Feira do Livro, das Festas da Cidade de Coimbra e da iniciativa Verão a 2Tempos. Para fevereiro de 2026, está também a ser preparado um concerto de encerramento das evocações do centenário do nascimento de Carlos Paredes.
  
Outra das iniciativas passa pela decoração de um autocarro dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, comemorativo do centenário, que já se encontra a circular pelas ruas da cidade. O objetivo da autarquia foi criar um símbolo itinerante da obra e legado de Carlos Paredes, promovendo o contacto direto da população com a sua arte.
 
Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 16 de fevereiro de 1925, e morreu em Lisboa, em 23 de julho de 2004, aos 79 anos, onde foi funcionário administrativo do Hospital de São José (arquivo de radiologia) até à aposentação.
 
Seguidor de uma tradição familiar de guitarristas, filho do também guitarrista Artur Paredes, Carlos conseguiu dar à guitarra de Coimbra uma dimensão que extravasou os muros da cidade e as fronteiras do país, mantendo-se leal à tradição e ao estilo de origem, tocando a guitarra de Coimbra, com a afinação do fado de Coimbra. Desenvolveu, em simultâneo, dois caminhos musicais: um genuinamente coimbrão e um outro mais erudito e universal. Tanto assim é que, em 1989, Paul McCartney escolheu o tema “Dança”, do álbum “Guitarra Portuguesa”, para preencher o tempo antecedente ao início dos espetáculos da sua digressão mundial. Carlos Paredes foi não só continuador da técnica do pai, como introduziu um novo estilo que, com o passar dos anos, se assumiu como uma nova escola na execução da guitarra de Coimbra: um pulsar forte e apoiado, numa dedilhação bem coordenada entre o indicador e o polegar – técnica que já vinha do seu pai –, mas por ele muito mais apurada; predomínio das modulações acústicas com base no vibrato das cordas e das suspensões (que dependiam muito do seu estado de espírito e da inspiração de momento); uma execução ritmada pela sua respiração; e tudo isto tendo como base um profundo conhecimento e um domínio perfeito da escala da guitarra que o conduzia a momentos de pura improvisação.
 
Carlos Paredes foi um dos opositores à ditadura e foi preso pela PIDE, no final da década de 1950, na Cadeia do Aljube e no Forte de Caxias.
 
Em dezembro de 1993 foi-lhe diagnosticada uma mielopatia, doença que o impediu de tocar a guitarra. Apelidado o “homem dos mil dedos”, é o expoente máximo da guitarra de Coimbra e uma figura única e inimitável na história da guitarra em Portugal.


Fonte/Foto: CM Coimbra
 

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