O Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra discutiu e aprovou o novo Código da Praxe, no passado dia 13, e foi apresentado publicamente ontem à comunidade estudantil, numa sessão que decorreu no Centro Cultural D. Dinis.
Noventa por cento do código da praxe de 1957 continuava espelhado no atual código. Foram criados mecanismos que permitem uma maior autofiscalização dentro da praxe e foram acrescentados muitos artigos", disse à agência Lusa o dux veteranorum do Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra, sublinhando que a maioria das revisões foi feita "para esclarecer situações dúbias de interpretação".
No entanto, a partir de 1991, foram feitas algumas revisões ao documento, permitindo uma "adaptação a novas realidades", notou.
Outros registos de maior violência, como é o caso do canelão e da pastada — práticas recorrentes no início do ano letivo no século XIX e na primeira metade do século XX - foram abandonados. "Era violência pura. Os doutores punham-se em duas filas e davam pontapés nas canelas ou batiam com a pasta académica nas costas e cabeça dos caloiros enquanto eles iam passando", referiu, sublinhando que, ao longo do tempo, a academia foi-se adaptando e abandonando "práticas que não se coadunavam com a evolução da sociedade".
No sábado e no domingo, o Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra assinala os 60 anos da criação do código da praxe da instituição, com palestras em torno de diversos temas relacionados com esta tradição coimbrã.
João Luís Jesus sublinhou que têm havido algumas revisões, mas que a maioria tem como objectivo "não mudar as regras, mas esclarecê-las". Um dos exemplos que dá passa pelas limitações sobre os caloiros, tendo-se tornado claro no código da praxe que o estudante de 1.º ano "não pode ser sujeito a praxe durante o horário lectivo", apesar de o princípio já estar "subjacente" no documento, antes dessa revisão.
De acordo com o dux da Universidade de Coimbra, os erros mais comuns estão relacionados com "os deveres e limites que cada hierarquia tem". "Todas as hierarquias têm direitos e deveres e limitações. Até o dux tem limitações", notou, recordando que o membro do Conselho de Veteranos "não pode estar à meia-noite na ponte de Santa Clara".
Para combater alguma falta de informação, o Conselho de Veteranos tem apostado na presença digital, disponibilizando o código da praxe no seu site e interagindo nas redes sociais. Ainda este ano, o dux pretende lançar uma espécie de "perguntas e respostas" com as dúvidas mais comuns que surgem em contexto de praxe.
"A praxe não está cima de nada. Se as pessoas não se estão a divertir, alguma coisa está a correr mal na praxe", salientou João Luís Jesus, lembrando que, segundo o código da praxe de Coimbra, é proibido qualquer acto "contra a dignidade" dos estudantes.