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Região de Coimbra

2025/01/09

Como chama teu filho?

Opinião

BRASILIDADE EM PORTUGAL
Por Jessica Faria*

Um dia desses sentada num café, comportamento habitual cá em Portugal, acredito que as pessoas aqui frequentam muito mais pastelarias, padarias  e coisas do género do que nos brasileiros.
Eu acho admirável esse hábito, particularmente me rendi a ele, e mesmo sem tomar café, as vezes peço um descafeinado. 
O ambiente sempre é incrível, na maior parte uma música a tocar, a passar na televisão alguma situação inusitada, e uma montra que seria um balcão ou vitrine conhecido no Brasil, com doces deliciosos que só encontramos cá em Portugal.
Doces que não são muito doces, é uma doçura delicada e subtil, os doces conventuais então merecem um artigo apenas para eles de tão bons que são.
Num desses cafés do nosso querido Portugal, me deparo com algo mais subtil que os doces conventuais, um jovem senhor não passava dos seus 40 anos, com uniforme do trabalho, pela forma que tratava os funcionários ou empregados de mesa parecia ser frequentador habitual do local, a funcionária muito simpática sentada à mesa ao lado, provavelmente em seu horário de almoço dela,  no meio da conversa pergunta-lhe gentilmente:
-Como chama teu filho? Ele não era um doce conventual então para nós brasileiros não seria nada subtil responde: Pelo nome dele.

Ela imediatamente responde eu sei que é pelo nome, mas qual o nome?
(Para os brasileiros que estão a ler, perceberam, mas para os portugueses isso é apenas uma tarde normal num café da cidade).
Essas diferenças cultural são tão engraçadas, eu admiro a forma direta que os portugueses se relacionam. São diretos e retos, perguntamos se eles sabem as horas, muito respondem que sabem e não nos falam. 
Para muito de nós pode parecer falta de educação, mas na realidade não, é apenas a forma simples e direta de enfrentar a vida. 
Nós que somos muito “enrolados” e damos todo um contexto que hoje percebo ser incompreensível para pessoas que nunca vi e provavelmente nunca voltarei a ver na vida, sem a menor necessidade. 
Mas ao mesmo tempo, reflito que ouvir e ser ouvido é tão bom, esses momentos de conversas pode parecer que somos enrolados, mas é tão bom esses contactos humanos.
Não digo que isso seja certo nem errado, apenas diferente, eu desde que cheguei cá, observo muito que nos brasileiros numa situação dessas já teríamos falado no nome do Enzo Gabriel da Silva Júnior, mostrado fotos de como ele vai a apresentação da escola e se calhar a foto de fundo do telemóvel quando ele tinha dois dias de vida. 
A pergunta que não se cala na minha cabeça, qual o momento que aprendermos sermos tão abertos assim? falarmos cantado e sorrirmos pra todos?
O mais interessante disso é que os brasileiros confiam nas pessoas até que se prove o contrário, em Portugal é ao contrário e temos que aprender com os mais velhos, se eu tivesse esse hábito talvez me dececionasse menos com as pessoas. 
Teria um olhar mais racional perante a vida, volto a repetir, não é bom nem mal, apenas as diferenças e novas formas de ver e viver a vida. 


Jessica Faria, Psicóloga (CRP) Conselho Regional de Psicologia*
 

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