A Câmara Municipal (CM) de Coimbra, através do Gabinete para a Igualdade e Inclusão, assinalou na segunda-feira, dia 16 de junho, o Dia da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa, com ações de sensibilização, em contexto institucional, que contaram com a colaboração do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas da Guarda Nacional Republicana (GNR). Na parte da manhã, a ação foi dirigida ao Centro Social, Cultural e Recreativo de Quimbres e, da parte da tarde, ao Centro Social e Paroquial de S. Silvestre.
A iniciativa, promovida pela autarquia, constituiu uma oportunidade para sensibilizar a comunidade para as várias formas de violência – física, psicológica, financeira, por negligência, entre outras – que muitas vezes permanecem invisíveis e silenciadas. A CM de Coimbra procurou, assim, reforçar o compromisso com o envelhecimento digno e seguro, através de ações que envolvam a sociedade civil, as instituições e os profissionais que trabalham com a população idosa.
De acordo com dados do Gabinete de Apoio à Vítima de Coimbra (GAV Coimbra) da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), registaram-se um total de 677 vítimas apoiadas em 2024, com 3.454 atendimentos realizados e 984 crimes e outras formas de violência identificadas.
Os dados revelam um retrato preocupante da vitimação de pessoas idosas no concelho, onde a violência doméstica e a agressão por familiares próximos assumem um papel central. Neste contexto, destaca-se a importância de continuar a reforçar respostas especializadas, ações de sensibilização e mecanismos de denúncia acessíveis e seguros, especialmente adaptados à realidade das pessoas idosas e das crianças e jovens.
Entre os crimes registados destaca-se a violência doméstica, que representa 70,5% de todos os crimes identificados no GAV Coimbra. Este tipo de violência é, particularmente, prevalente nas pessoas idosas, muitas vezes perpetrada por familiares diretos, como filhos/as ou cônjuges – uma tendência confirmada pelos números da APAV, que apontam para 10,6% dos agressores como sendo pais/mães e 8,5% como filhos/as da vítima.
Entre os dados demográficos das vítimas apoiadas, 98 pessoas tinham 65 anos ou mais, o que corresponde a 14,5% do total de vítimas apoiadas pelo GAV Coimbra em 2024. Este número reforça a necessidade de atenção específica a este grupo etário, frequentemente vulnerável e com dificuldade em denunciar situações de violência. A maioria das vítimas idosas é do sexo feminino, em linha com o perfil geral de vítimas (76,2% do total são mulheres).
A maioria dos crimes contra pessoas idosas ocorreu em ambientes familiares, especialmente na residência comum entre vítima e agressor (49,3%) ou na residência da própria vítima (15,5%). Estes dados apontam para uma vitimação continuada e oculta no seio familiar, verificando-se que, mais de metade das vítimas do GAV Coimbra (52,9%) sofreram vitimação continuada, com muitas situações prolongadas por anos ou até décadas. Em 15,1% dos casos, a duração foi entre 7 meses e 1 ano; em 10,3%, entre 12 e 20 anos.
Apesar da gravidade das situações, apenas 38,6% das vítimas formalizaram queixa junto das autoridades. No universo dos/as mais velhos/as, esta taxa poderá ser ainda inferior, devido a dependência económica, emocional ou física, bem como ao medo ou vergonha de denunciar familiares próximos.
Fonte/Foto: CM Coimbra
Foto: CMC | Nuno Ávila