A edição de 2025 da Feira do Livro de Coimbra afirmou-se pela inovação, pela dinamização cultural do centro histórico da cidade e pelo envolvimento com as estruturas artísticas locais. Ao longo de dez dias, o evento transformou a Baixa de Coimbra numa “aldeia literária” e acolheu cerca de 16 mil visitantes em mais de uma centena de iniciativas, apostando em novos conceitos que colocaram a tónica na valorização do território, do património, da revivificação da Baixa e da pluralidade programática. Auscultados pela organização do evento, a maioria dos expositores contabilizou um aumento efetivo da venda de livros relativamente à edição anterior.
Demarcando-se pela evolução e pela consolidação paulatinas, a 46ª edição da Feira do Livro de Coimbra deu continuidade ao modelo de reposicionamento do ano anterior, assente numa lógica de construção coletiva e de envolvimento comunitário com o tecido cultural e artístico da cidade.
O evento contou com a passagem de 16 mil pessoas pelos vários espaços da Feira na Baixa de Coimbra, salientando-se a elevada afluência e heterogeneidade de públicos, motivados pelo estímulo à leitura e pelas dimensões artística e poética da literatura, enquanto vetor essencial para a transformação social, transmissão de histórias e criação de memória coletiva.
Numa matriz espacial que abrangeu três núcleos principais, a Praça do Comércio (epicentro do certame), o Largo do Romal (Espaço FNAC) e o Largo do Poço (Praça da Arte e da Criação) receberam a participação de 129 editoras, entre grupos nacionais, editoras independentes, livreiros e alfarrabistas de Coimbra. A maioria dos expositores mencionaram um aumento da venda de livros em comparação ao ano anterior, mantendo-se a tendência de um maior volume de vendas durante o fim-de-semana.
Entre 20 e 29 de junho, a iniciativa cultural integrou mais de 100 eventos, dirigidos a todos os públicos e para várias faixas etárias, numa edição que introduziu dois novos espaços: o Espaço FNAC, no Largo do Romal, com uma programação focada em públicos de todas as idades, e a Praça da Arte e da Criação, no Largo do Poço, dedicada ao livro de arte, ao vinil e à criação artística local.
A edição deste ano trouxe ainda duas novidades ao Largo do Poço: a criação de uma banca única de edições literárias da cidade, com destaque para peças de teatro de companhias locais, revistas e livros lançados no âmbito da programação da Feira e a primeira edição da Feira da Música.
Na dimensão do pensamento e da relevância da literatura na atualidade, o Auditório Luís de Camões deu centralidade ao debate e à partilha com três ciclos curatoriais da autoria de Ana Paula Arnaut, Pilar del Río e Associação Portugal-Brasil 200 anos (APBRA). Assim, Ana Paula Arnaut propôs uma reflexão sobre o papel da literatura na sociedade contemporânea, enquanto Pilar del Río destacou as literaturas de expressão portuguesa, com a presença de autores oriundos de Portugal, Brasil, Cabo Verde e Angola, e a APBRA promoveu cinco mesas-redondas sobre a descolonização do património cultural e intelectual, numa das quais esteve presente o secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos.
No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Carlos Paredes – expoente máximo da guitarra de Coimbra e uma figura única na história da guitarra em Portugal – a edição de 2025 da Feira do Livro dedicou-lhe a merecida homenagem com a nomeação do maior palco do evento, na Praça do Comércio. O Palco Carlos Paredes, instalado junto às Escadas de Santiago, deu voz a músicos reconhecidos do panorama artístico, bem como a projetos emergentes e locais, nas vozes e paisagens sonoras do coletivo Animais (“Animais Revisitam Paredes”), Poetry Ensemble (“No País dos Sacanas”), B Fachada + Duques do Precariado, Mário Lúcio, Filipe Furtado Trio (“Como se matam Primaveras”), José Anjos e O Gajo (“Navio dos Loucos”), Lula Pena, Ana Deus (“Canções para beber com Pessoa” com Luca Argel), Luca Argel e a Banda de Guerrilha e “A Secreta Vida das Palavras” com Rita RedShoes, Luís Severo, Maze e Sir Scracth.
A 46ª edição da Feira do Livro foi organizada pela Câmara Municipal de Coimbra, em parceria com a Apura Associação Cultural e com o Jazz ao Centro Clube, com apoio da FNAC, da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, da APBRA e da Rádio Universidade de Coimbra, e com a colaboração de diversas associações locais.
Fonte/Foto: CM Coimbra